domingo, 18 de julho de 2010

A MAIOR FLOR DO MUNDO


A Maior Flor do Mundo

José Saramago
 Ilustrações de João Caetano
Editorial Caminho, Lisboa  Março de 2001.

José Saramago é bem capaz de ter boa parte de razão, quando diz que, quem o quiser conhecer tem mesmo de ir aos “Cadernos de Lanzarote”.

No 4º volume, respondendo a um inquérito dos alunos da Escola Secundária da Golegã”, escreve:

“Finalmente e vou dizer-lhes que não sei escrever para crianças, que quando eu próprio fui criança mão me interessavam muito o que chamamos “histórias infantis”, o que eu queria era saber o que diziam os livros para gente crescida." 

Já em “A Bagagem do Viajante” abordara a questão das Histórias para Crianças, e é a essas páginas, que vai buscar o âmago de “A Maior Flor do Mundo”, um livro com lindíssimas ilustrações de João Caetano, e, que se saiba, a única incursão de Saramago pela literatura infantil.


“As histórias para crianças devem ser escritas com palavras muito simples, porque as crianças, sendo pequenas, sabem poucas palavras e não gostam de usá-las complicadas. Quem me dera saber escrever essas histórias, mas nunca fui capaz de aprender e tenho pena. Além de ser preciso escolher as palavras, faz falta um certo jeito de contar, uma maneira muito certa e muito explicada, uma paciência muito grande – e a mim falta-me pelo menos a paciência do que peço desculpa.”.
A deliciosa e bonita história termina com um desafio ao pequeno leitor:

“Quem sabe se um dia virei a ler outra vez esta história, escrita por ti que me lês, mas muito mais bonita?”
E na contra-capa, como não podia deixar de ser, deixa uma provocação:

“E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos? Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar?”

Este livro deu origem a um filme de animação feito por Juan Pablo Etchevery e Chelo Loureiro, que vivem na Galiza, e para o qual Emilio Aragon compôs a música.

  “Eu próprio apareço nele, de chapéu e bastante favorecido na idade”, escreveu Saramago nos seus "Outros Cadernos."

O filme pode ser visto aqui.

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