terça-feira, 20 de julho de 2010

O QU'É QUE VAI NO PIOLHO?


No dia 12 de Agosto de 1902 o “Diário de Notícias” lembrava aos visitantes da praia da Trafaria que podiam usar bilhetes de banhos de ida e volta a preços reduzidos, mas só para as carreiras da manhã.

Num daqueles inquéritos de Verão que os jornais, há uns anos, publicavam, o “Público” perguntou ao actor Rogério Samora, qual a melhor recordação de Verão da sua infância.

“As férias que passava há vinte e muitos anos numa casa de madeira azul e encarnada. Casa que a minha avó teve, a certa altura, imaginem só, na Cova do Vapor e que tinha o significativo nome de “A Alegria do Meu Neto”. Recordo os longos passeios que dava às cavalitas do meu pai numa língua de areia quase até ao Bugio.”

A imagem pertence ao filme, “Os Amantes do Tejo” de Henri Vemeuill (1954), um dramalhão-de-faca-e-alguidar ,com Daniel Gélin, Françoise Arnoul, também com a participação de Amália Rodrigues, passado em Lisboa: os bairros populares, as praias, o fado e, sobretudo, o Tejo.


Os protagonistas saem do barco que, do Cais do Sodré , via Trafaria, chegava à Cova do Vapor. Tinham nomes esses barcos: “Flecha”, “Zagaia”, “Norte-Expresso”.

Ainda me lembro da Cova do Vapor, do Bico da Areia, onde nos anos 50/60, durante o vazar da maré, se apanhavam berbigões e cadelinhas. 


Íamos, então, pela beira-mar , da Trafaria à Cova do Vapor, e regressávamos com os sacos cheios.

A Costa da Caparica era, então, um extenso e belo areal com grandes dunas.

Depois começaram a tirar dali areia, para colocarem nas praias do Estoril.

O mar começou a não encontrar obstáculos e acabou por galgar a terra.

Hoje, por ano, gastam-se milhões de euros para defender, o que é possível ainda defender, o que , em tempos foi, uma das maiores praias da Europa.

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