quarta-feira, 4 de abril de 2012

OLHAR AS CAPAS


A Escola do Paraíso

José Rodrigues Miguéis
Capa: Manuel Correia
Editorial Estúdios Cor, Lisboa, Dezembro 1960

Não se pode ter nascido ali, viver a ver chegar e partir navios todos os dias, com um rasto de lágrimas e o esvoaçar de adeuses no azul, nem ouvir noite e dia estas vozes, sem ficar impregnado de irremediável nostalgia. Tudo isto, o rio imenso, os cais, o mar, os horizontes, se integra nele e ficará para sempre dentro dele com um apelo de longe e uma saudade, anseio de partir e de voltar: quando? e para onde?


Nota do editor:
Durante o mês de Abril, irei apresentando uma série de livros que me acompanharam durante os tempos da ditadura.
Livros que, por isto ou por aquilo, ajudaram a formar uma consciência cultural e política.
A sua aparição não obedece a algum critério, e, naturalmente, muitos livros e autores irão ficar de fora. 

2 comentários:

Anónimo disse...

Que bom ver aqui, esta obra prima
da literatura portuguesa. É um dos
livros que eu levaria para uma ilha
deserta, como se costuma dizer.O que será feito de Eduardo Geada?
Foi quem adaptou alguma da obra
de J.R.Miguéis ao cinema.
M.Júlia

sammy,o paquete disse...

Tem toda a razão, Maria Júlia: uma obra-prima da literatura portuguesa.
Logo que o livro saíu (Dezembro de 1960), José Saramago não teve qualquer dúvida em confirmar o que de há algum tempo já se sabia: “um dos maiores escritores portugueses dos nossos dias.”.
É de facto um lindíssimo livro.
Uma boa parte da obra de Miguéis é autobiográfica, mas "A Escola do Paraíso” é onde esse caracter mais transparece.
Tinha em vista prosseguir esse percurso, mas as agruras dos diversos exílios a que foi forçado, não lhe permitiram a serenidade para o concretizar.
Lamentamo-lo profundamente.
Mas quem hoje lê José Rodrigues Miguéis?
Não sabem o que perdem!
Quanto a Eduardo Geada, que conseguiu com “Saudades para "Dona Genciana”, um muito interessante trabalho, dada a dificuldade que a adaptação que qualquer obra de Miguéis possui, não tenho notícias.
Hoje em dia - sempre foi mas agora mais do que nunca - é muito difícil saber novas da cultura portuguesa.
Um abraço.