quinta-feira, 26 de abril de 2012

OLHAR AS CAPAS



Para a História da Cultura em Portugal
Volume 1

António José Saraiva
Capa de António Domingues
Publicações Europa-América, Lisboa, Julho 1961

O problema nacional da cultura tem de começar a ser resolvido pela base.
Quer-se primeiramente uma população de cultura média suficientemente moderna. Mas aqui põe-se outro problema: como poder elevado o nível cultural de uma população esfomeada? Como pode o nível cultural ser alto onde o nível económico é baixíssimo? Há, portanto, preliminarmente, problemas de aparelhagem técnica, de aproveitamento de recursos naturais e de redistribuição da riqueza a resolver. E como o problema económico de um país pequeno não pode ser resolvido na base da autarquia, impõe-se o problema das trocas com o estrangeiro, e, portanto, da política externa. Mas outro problema se põe ainda: onde estão os técnicos e os dirigentes capazes de levar a cabo e de garantirem a continuidade de uma transformação desta ordem? A questão não é saber se os há em determinado momento, por acaso. Consiste em que, se o nível dos dirigentes é função do nível da massa, como lembrámos há pouco, uma massa culturalmente atrasada não nos dá o direito de esperar os dirigentes em qualidade e número suficientes para lhe melhorar as condições técnicas de vida, em que além disso, qualquer grupo de dirigentes precisa do apoio e do controle de uma massa esclarecida. E voltamos ao princípio: põe-se de nova na bases o problema pedagógico, círculo vicioso e insolúvel, se os houvesse para a natureza humana – plástica e capaz de se conhecer a si própria.


Nota do editor:
Durante o mês de Abril, irei apresentando uma série de livros que me acompanharam durante os tempos da ditadura.
Livros que, por isto ou por aquilo, ajudaram a formar uma consciência cultural e política.A sua aparição não obedece a algum critério, e, naturalmente, muitos livros e autores irão ficar de fora. 

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