sábado, 14 de abril de 2012

UM OBSERVADOR PRIVILEGIADO


Pelo menos, os que abrirem o Google, ficarão a saber que se comemora hoje o centenário do nascimento do fotógrafo francês Robert Doisneau, o autor de uma das fotografias mais conhecidas, e que mais reproduções vende em todo o mundo: O Beijo do Hotel de Ville.

Em 1950, sentado num café em Paris, Doisneau, captador e inventor do quotidiano, disparara a sua máquina e, fortuitamente, terá apanhado este casal de jovens a beijarem-se.

Mais tarde veio a saber-se que a Life convidara o fotógrafo para que captasse, com a sua objectiva, a ambiência da Primavera parisiense e Doisneau terá pago a dois actores para que fizessem o papel dos dois namorados a beijarem-se.

A revelação terá deixado os puristas à beira da indignação.

Mas, como o puritanismo nunca me impediu de ver para além, à boa maneira johnfordiana, entre a história e a lenda prefiro sempre a lenda.

Robert Doisneau foi um excelente captador do quotidiano mas também um admirável inventor da magia do quotidiano, sim, porque o quotidiano também se pode inventar, só que muito poucos chegam lá.

Através da internet podem aceder às maravilhosas fotografias de Robert Doisneau , mas aproveito para deixar a dica de que, no Centro Comercial Vasco da Gama ,em Lisboa, está patente uma feira do livro que, por cinco euros por exemplar, tem à venda aquela colecção de Mestres da Fotografia que, há uns anos atrás, em tempos o Expresso publicou.

E, inevitavelmente, Robert Doisneua é um desses mestres.

1 comentário:

MIguel disse...

Infelizmente a História da Fotogrfia está carregadinha de casos destes, em que se pensava que as fotografias tinham sido apanhadas naquele magnífico "momento decisivo" de que falava Cartier Bresson, para depois se vir a saber que esse segundinho mágico fora longamente encenado.

Isto é particularmente verdade na chamada "fotografia humanista" que atravessou as décadas de 30 a 50, e da qual Doisneu é um dos expoentes máximos, mas também em muitas das mais célebres fotografias de guerra, como sejam muitos dos casos do içar das bandeiras (Pacífico, Berlim,...), e por aí fora.

Eu fui um dos que se sentiram atraiçoados com a revelação da história desta fotografia e, a partir daí, não há fotografia destas que não me faça surgir logo a suspeita...

Talvez seja por isso que cada vez gosto mais de fotografia de paisagens. A preto e branco, se possível...

E agora, ala que se faz tarde e tenho de continuar a trabalhar.

Abraço,

Miguel