sábado, 14 de julho de 2012

OLHAR AS CAPAS


João na Terra do Jaze

José Duarte
Capa de Teresa Ferrand
A Regra do Jogo Edições, Lisboa 1981

O jazz.
O que é o jazz? Sei lá…
O jazz é a vida, uma vida vendida, usada, estrebuchada no charco do progresso, com muitas palmadas nas costas e pontapés no cu.
Jazz é a lei 1749 do estado da Carolina do Sul em 1938.
Jazz é Bessie Smith a morre na rua.
Jazz é «eu pintava a minha cara de Al Jonson».
Jazz é o sucesso de Paul Whiteman.
Jazz é  Earl Hooker tuberculosos.
Jazz é Armstrong rei dos Zulus, Monk na capa do Time e na clínica de psiquiatria, Miles de cabeça partida, Miles atingido a tiro, Ray Chaeles cefo, Roland Kirk cego, Sonny Terry cego.
Jazz é Art Tatum e Arthur Rubinstein, Juke Ellington e Glenn Miller.
Jazz é África em Los Angeles, África em Chicago, África em Storyville, em New York.
Jazz é o teu campeão de boxe, de 100 m., de futebol, de basquetebol, a tua mulata que desejas, a tua Aretha que cantas, o teu Cassius Clay que te leva à praia
Jazz é o som do teu pecado, da tua proibição, dos teus beatnicks, do teu underground.
Jazz com Hollywood em cima, com John Binch, com Watts, Harlem e uma angustiante sensação de tolerância.
Porquê?
Porque sim.
Pela viola de Big Bill Broonzy.
Pelas gargalhadas de Armstrong.
Pela loucura de Lester.
Pelo som de Hodges.
Pelo cantar de Billie.
Pelo génio de Parker.
Por Monk desafinado.
Pela beleza de Miles.
Pelos gritos de Ornette.
Pela força de Shepp.
Pelo coro europeu.

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