sexta-feira, 21 de março de 2014

DESFOLHADA


Poucas dúvidas existem de que, Desfolhada é uma bonita canção que, na altura, foi uma pedrada no charco do nacional-cançonetismo que nos assistia.

Para a desilusão da votação que a canção obteve em Madrid há um pormenor de que muitos se esqueceram: não era a Desfolhada que estava em votação, antes uma ditadura que mantinha uma guerra contra povos africanos.
Por mera curiosidade diga-se que a Áustria recusou participar no Festival da  Eurovisão desse ano por decorrer num país governado por um ditador: Francisco Franco.

Na Fotobiografia de José Carlos Ary dos Santos pode ler-se que, provavelmente, foi ao assistir a uma desfolhada, numa festa, que Zé Carlos se sentiu inspirado para escrever esta letra. No manuscrito da canção, a letra aparece primeiro com o título de Lenda Encantada, depois riscada e substituída por Desfolhada. No final do poema lê-se: Letra de Terrear para música de Água de-Fogo.

A canção aparece no Festival da Canção da RTP como Desfolhada e com é esse estampado na lª edição em disco.

A 2ª edição do EP já mudou o nome da canção para DesfolhadaPortuguesa.

As razões da alteração tiveram a ver, ao que parece, com o facto de na Sociedade portuguesa de Escritores já existir o registo de uma canção com o nome Desfolhada e o seu autor exigiu que se fizesse a alteração na canção de Ary dos Santos e Nuno Nazareth Fernandes.

Mais um pouco de história.

Simone de Oliveira não foi a primeira escolha para cantar Desfolhada.

Três ou quatro intérpretes foram apontadas, entre as quais Madalena Iglésias, que chegou a gravar a canção mas quis que o verso quem faz um filho fá-lo por gosto fosse cortado, a que Ary dos Santos, obviamente, recusou.

Ficou Simone, e ficou muito bem.

Dificilmente outra intérprete teria dado tanta força àquela seara louca em movimento.  Cheia de confiança, Simone, à partida para Madrid declarava: vai ser uma actuação à Benfica!


Legenda: a capa de Desfolhada é uma  cortesia deMr. Ié-Ié

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