terça-feira, 18 de março de 2014

POR DISCIPLINA DE CEMITÉRIO


(Primeiro intervalo em S. Carlos. Sorrimos uns para os outros.
«Então como está?» «Há muito que não o via!»... Musgo. Teias de
aranha nos ouvidos. Fascismo de «smoking». Passo pelos
corredores escondido atrás de mim.)


Disseram-lhes
que estavam vivos
por disciplina de cemitério.
E todos acreditaram
já com os pés em ângulos rectos. 

Mas vivos que são?
Mortos incompletos.

José Gomes Ferreira, Poesia IV, Portugália Editora, Lisboa, Dezembro de 1970

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