quinta-feira, 19 de março de 2015

OLHAR AS CAPAS


Idealista no Mundo Real

José Rodrigues Miguéis
Prefácio de Maria Angelina Duarte
Capa: José Luís Tinoco
Editorial Estampa, Lisboa Dezembro de 1986

Sabe que eu tenho fama de jacobino e mata-frades: fui-o, quando era oportuno. E no entanto, sou dos poucos, que, nesta terra, têm a coragem de reconhecer que só os jesuítas nos podem dar lições. Há muito que aprender com eles. É preciso ser jesuíta, mas do avesso. Os jesuítas quiseram transformar o cristianismo, que era a arma dos fracos, em instrumento dos fortes. E o mesmo será preciso fazer com o socialismo. Compreende? Aliás, é o que se está dando no mundo. É bom não nos rirmos antes de tempo. Como força instintiva, colectiva, o socialismo é uma grande arma, um reservatório inesgotável de potencial. Em democracia, o povo é por definição a grande matéria-prima da opinião, do poder: mas quem é o povo? E que sabe ele, colectivamente, de economia, de governo, de leis da história? O povo é a mais volúvel das mulheres… Depois do pão e do circo, a primeira necessidade do povo é um chefe. O que é preciso é dar-lhe a ilusão embaladora de que é ele quem manda! E governá-lo. O mundo vive de ilusões, de ficções…

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