segunda-feira, 29 de junho de 2015

O QU'É QUE VAI NO PIOLHO?


Não fossem tarefas inadiáveis que tenho todas as quartas-feiras e daria corda aos sapatos para ir até à Cinemateca matar, uma vez mais e já não sei quantas são, o Casablanca.

João Bénard da Costa, em Os Filmes da Minha Vida, Os Meus Filmes da Vida, não é de modas e dispara:

Quem o vir impassível, ou já perdeu a alma, ou já perdeu o coração, ou já perdeu ume e outro. É ser humano de companhia a evitar cuidadosamente.

Antes já escrevera:

Só de ouvido conheço as histórias que se passaram no Politeama, com o público a levantar-se para ouvir a Marselhesa abafar o Wie Wacbt am Rhein, como se diz que um rei de Inglaterra se levantou para ouvir o «Alleluia» do Messias de Haendel. Esse gesto real inaugurou uma «praxe» seguida há mais de 200 anos. O gesto português – por cuja originalidade não respondo – talvez não tenha tão longa posteridade, mas enquanto houver cinema e cópias de Casablanca emoções semelhantes voltarão a produzir-se a cada nova visão do filme.

As emoções de Casablanca podem ser (re)vistas na Cinemateca pelas 21,30 horas de quarta-feira dia 1 e pelas 15,30 horas de quarta-feira dia 15., ambas as sessões na Sala Félix Ribeiro.


CASABLANCA
de Michael Curtiz
com Humphrey Bogart, Ingrid Bergman, Claude Rains, Paul Henreid, Peter Lorre, Sidney Greenstreet
Estados Unidos, 1943 - 102 min
legendado eletronicamente em português | M/12

É um dos mais famosos filmes de sempre, o que deu Ingrid Bergman Humphrey Bogart por par e a todos a ideia de “para sempre, Paris”. São eles o casal que um dia por lá se perdeu no começo da guerra e se reencontra fugazmente em Casablanca, a encruzilhada dos que procuram alcançar a liberdade. Três Óscares (melhor filme, argumento e realização) premiaram este filme mítico. “Se Casablanca já é um prodígio de concisão e de ‘timing’ durante o primeiro quarto de hora (em que somos apresentados a todos quantos não arriscam muito a pele ou a arriscam mas não mexem na nossa), o filme só ‘pega fogo’ quando Ingrid Bergman entra no Rick’s Bar e Sam para de tocar e olha para ela. Nunca o olhar de Ingrid foi tão desarmado, tão quente, tão húmido como quando pediu que ele tocasse (não ‘again’ mas simplesmente tocasse) o As Time Goes By. Nunca o olhar de Bogart foi tão cerrado, tão frio, tão seco, como quando, ouvindo a música e não vendo Ingrid, disse: ‘Sam, I thought I told you never to play...’’ (João Bénard da Costa)

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