segunda-feira, 19 de setembro de 2016

OLHAR AS CAPAS


Forrest Gump

Winston Groom
Tradução: Nuno Castro
Colecção: Os Livros do Cinema
Diário de Notícias, Lisboa s/d

Deixem-me dizer-lhes uma coisa: ser um idiota não é nenhuma caixa de bombons. As pessoas riem-se, perdem a paciência, tratam-nos mal. Ora bem, costuma-se dizer que as pessoas devem ser simpáticas com os afligidos, mas deixem-me dizer-lhes - nem sempre são assim as coisas. Mesmo assim não tenho razão de queixa, porque acho que acabei por ter uma vida bastante interessante, por assim dizer.
Sou um idiota desde que nasci. O meu Q.I. anda pelos 70, o que me faz um, segundo dizem as pessoas. No entanto, é provável que seja mais perto de ser um imbecil, ou mesmo um cretino, embora eu pessoalmente prefira ver-me como um mentecapto, ou qualquer coisa assim - e não um idiota -porque quando as pessoas pensam em idiotas, o mais certo é que pensem num desses mongólicos - esses com os olhos muito perto um do outro que parecem chineses, que se babam e que estão sempre a tocar-se.
É verdade que sou lento – isso admito, mas provavelmente sou muito mais esperto do que as pessoas pensam, porque o que passa pela minha cabeça é um bocado diferente daquilo que vêem as pessoas. Por exemplo, eu posso pensar bastante bem as coisas, mas quanto tento dizê-las ou escrevê-las, parece que saem como gelatina ou qualquer coisa assim.

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