quarta-feira, 12 de outubro de 2016

À CONVERSA


Perguntaram-lhe:

Como disse, o Mário também acabou por ser preso. Que marcas é que isso lhe deixou?

Respondeu:

Ao fim e ao cabo, o que eu fazia era participar em reuniões, distribuir papeis, entrar em discussões. Era perfeitamente banal. Mas encontrei na cadeia muitos bons amigos, e isso é que me ficou. Há um ruído que nunca mais se esquece na vida. Sabe qual é? É o barulho das grades de ferro a fecharem-se. Da fechadura. Ficamos com isso na cabeça para sempre.

Mário de Carvalho

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