quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

CORREIO DE LIXO


O Sarzedas abria com vagares de velho a porta do seu gabinete no rés-do-chão e recolhia uma ou outra carta que ainda lhe iam metendo na caixa do correio. Contas, circulares da Ordem dos Advogados. Correio de lixo. Sentava-se na cadeira de espaldar depois de correr um pouco as persianas. Parava. Estava cansado. E punha-se a escutar o tropel das mulheres eternamente despenteadas mesmo que de cabelos demasiado curtos.

Alexandre Pinheiro Torres em Vai Alta a Noite

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