quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

UMA BEBEDORA SOLITÁRIA


No Michigan tornei-me uma bebedora solitária, uma vez que o Fred nunca tocava em café. A minha mãe tinha-me dado uma cafeteira que era uma versão em ponto pequeno da dela. Quantas vezes a tinha observado a tirar, com uma colher, os grãos de café Eight O’Clock de uma lata vermelha e a deitá-la no recipiente de metal da máquina., esperando pacientemente em pé, junto ao fogão, que ele ficasse pronto? A minha mãe sentada à mesa da cozinha, o vapor do café a elevar-se da chávena e a entrelaçar-se com o fumo que saia em espiral do seu cigarro pousado num cinzeiro de que me lembro sempre lascado. A minha mãe com o seu avental azul às florinhas, sem chinelos nos pés descalços e grandes, iguais aos meus.

Patti Smith em M Train

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