terça-feira, 25 de abril de 2017

TABLÓIDES


A capa da edição do Círculo de Leitores de Aforismos &Desaforismos de Aparício, de José Rodrigues Miguéis, é amarela e sem qualquer título ou nome do autor.

Existe uma sobrecapa, mas o volume que comprei num alfarrabista, já não a tinha.


Este volume da obra de Miguéis, reúne os «Tablóides» que durante sete anos foram publicados no Diário Popular, uma colaboração que Jacinto Baptista, jornalista, escritor e amigo de José Rodrigues Miguéis, lhe solicitara em 1979 e que se prolongou até perto da morte do escritor.


Trata-se da secção, com o mesmo título, que Miguéis mantivera em tempos na Seara Nova, interrompida em data que não consegui averiguar, mas com recomeço, na mesma Seara Nova, no seu nº 1447, Maio de 1966.


São pequenos «fait-divers» e comentários breves a temas nacionais e estrangeiros.

Dou comigo a meditar, por vezes, se o que escrevo nestes «Tablóides» é na realidade o que penso, ou se é fruto espontâneo da fantasia ficcional do escritor – isto é o que diriam imaginárias personagens de novela! Pendo antes a crer, hoje, que não devo responder pelo respectivo conteúdo, a não ser como obra de ficção. Escrevo o que me acode ao bico da pena, automaticamente. A minha razão poderia com frequência opor-se-lhe!

O volume poderia chamar-se, simplesmente, «Tablóides», mas o autor quis que fosse Aforismos &Desaforismos de Aparício, personagem que aparece em O Espelho Poliédrico, em quatro capítulos, mas com o título de Aforismos &Venenos de Aparício.


Em carta, datada de 8 de Abril de 1978, e dirigida a Jorge de Sena, escreve sobre os seus «Tablóides:

Enfim, virei velho-ranzinza. Os meus venenos empeçonham-me a vida. Só me têm valido os «Tablóides» onde vou vertendo com cautela uma gota deles de vez em quando. Já levo mais de CEM colunas no Popular.

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