quarta-feira, 21 de junho de 2017

AINDA A FEIRA DO LIVRO


Chega-se a esta minha idade e existem na biblioteca livros comprados e ainda não lidos.

E há sempre o suave ímpeto de comprar mais livros.

A Feira do Livro é, acima de tudo, a lembrança daquela noite, em redor das taças de água do Rossio, em que o meu avô me comprar o primeiro livro de Emílio salgari. Curiosamente não me inclinei para qualquer Sandokan, ou o Pirata Vermelho, antes Os Pescadores de Pérolas, sei lá bem porquê.

Depois, a pouco e pouco é que vieram os restantes salgaris que, continuo a considerar, na devida idade, um dos melhores estímulos para hábitos de leitura.

Penso que já disse, mas um dia emprestei a um primo meu – santa ingenuidade!... - - toda a minha Colecção Salgari.

Passados uns tempos, quando os quis de volta, fiquei a saber que tinham sido vendidos para angariar tostões para rebuçados da bola e idas às matinés do Cine-Oriente.

Tenho por aí dois ou três exemplares adquiridos em alfarrabistas a preço baixo.

Um dia, num daqueles alfarrabistas que estacionam, nas tardes de sábado, na Rua Anchieta, ao Chiado, pediram-me uma exorbitância por Os Pescadores de Pérolas.

Fiquei a olhar assim um tanto para o surpreendido, mas o livreiro logo atalhou: «É pegar ou largar!».

Não gostei do preço e da fanfarronice e… «larguei.»

A Feira é um gosto muito meu.

Os jacarandás, o Tejo muito lá ao fundo.

Este ano, nos dezoito dias de Feira, venderam-se 400 mil livros e concluíram que quatro em cada cinco visitantes compraram um.

Olhei o que quis olhar, mas o que me ocupa mais tempo são os stands da Relógio d’Água com os seus caixotes com livros dos fundos do catálogo, a bom preço.

Depois o tirar a fotografia ao stand da & etc. onde sei que nunca mais encontrarei o Vitor Silva Tavares.

E as saudades que me saltam aos molhos enquanto caminho para casa.

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