domingo, 31 de dezembro de 2017

NATAL DE 1934


Todas as coisas aumentavam de sentido
havia doçuras de lã na própria neve
e a resina sangrando na lareira
punha milagres etéreos entre os ramos

Os ornamentos dos linhos e das arcas
fartas farturas premeditadas para a hora
exalavam uma tradição quentinha
todos os anos morrendo mais um pouco

Os sinos disputavam com os galos
a dialéctica dos mitos comoventes
renascendo no sapatinho do meu pé

Memória antiga de uma ternura doce
meu sentimento retomado dos ausentes
noite de lendas mágicas e solenes

João Apolinário, poema retirado da Antologia Natal… Natais

Sem comentários: