quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

NATAL


 Inverno lactescente, adormecido
Querer, noite encantada
Já não sinto, porém, aquele amor,
Nem a vida sonhada

Tudo se foi, pouco nos resta,
Ilhas não há. Montanhas só no espírito
Se elevam, distantes e coroadas pela solidão.

No muro da minha alma há uma fresta.
Por ela entra o vento e a multidão
Das vozes e dos signos.

Quando a certeza chega, o coração
Lança de si os trajes mais indignos
E entra, sorrindo, na festa.

Ruy Cinatti, poema retirado da Antologia Natal… Natais.

Legenda: fotografia de Savas Kazantzides

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