sábado, 19 de janeiro de 2013

É PERMITIDO AFIXAR ANÚNCIOS


Deixei de comprar o Expresso pouco depois do sr. Engenheiro José António Saraiva ter sido nomeado director.

Uma mera questão de higiene.

Volta e meia o meu vizinho Damião, deixa-mo à porta e passo um olhar pelas gordas.

Fiquei, então, a saber que o Expresso a partir de hoje, e durante mais duas semanas, oferece gratuitamente O Que a Censura Cortou, título de uma secção que o jornalista José Pedro Castanheira manteve, desde Janeiro de 2008, durante 68 semans, tantas quantas as edições do Expresso sujeitas ao execrável exame prévio.

Portanto, durante três semanas volto a comprar o Expresso.

Por uma questão de memória.

Durante quarenta e oito anos a Censura amordaçou todo um país.

Uma censura às imagens, às palavras, ao pensamento, levada a cabo por um bando de coronéis, imbecis e incultos, munidos de um lápis azul, respeitando ordens dos ditadores e muitas vezes, tantas, ultrapassando essas ordens e desatando a cortar a torto e a direito.

É bom não esquecer, principalmente nestes tempos que correm, em que uma série de políticos agarotados, pretendem fazer-nos crer que não tivemos um passado.

3 comentários:

filhote disse...


Post importante. Por uma questão de presente.

cid simoes disse...

Durante o outro fascismo, a censura usava a tecnologia do lápis,hoje mantém-se com métodos sofisticados mais manhosa e "democrática" e pluralista.

sammy,o paquete disse...

A imaginação, a criatividade constituíram armas com que jornalistas e escritores conseguiram, não poucas vezes, tornear o poder do lápis azul.
Um velho ditado diz que "sapatos apertados fazem descobrir danças novas".
Ao mesmo tempo obrigaram os leitores a saber ler nas entrelinhas, nas meias palavras, nas óbvias omissões.
Hoje, tudo é muito mais sofisticado mas comtinua a existir o medo, sim o medo, medo de perder o emprego e, nos tempos terríveis que correm, não conseguir outra saída.
Lembro uma frase de José Cardoso Pires: "Durante meio século o fascismo português viveu em absoluta liberdae à custa da liberdade que nos roubava, agora continua livre graças à liberdade que conquistámos e que ele explora. Livre para no-la roubar."