segunda-feira, 16 de março de 2015

ANTÓNIO BOTTO



Um dos maiores poetas da língua portuguesa.

Fernando Pessoa considerou-o o seu maior mestre na poesia.

O crítico João Gaspar Simões escreveu que a poesia de António Botto põe-nos diante de um dos mais delicados problemas do amor.

Federico Garcia Lorca: bom e amável como criança predestinada, conhecê-lo e ouvi-lo é ganhar tempo aprendendo muita coisa que só ele sabe dizer como ninguém.

Camilo Pessanha considerou Botto como um assombroso artista, um extraordinário poeta.

Para Raul Brandão, António Botto era o grande mestre da poesia moderna.

Poemas seus constam da Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, organizada por Natália Correia:

A suprema originalidade de António Botto reside, sobretudo, no desassombro com que procura redimir o lado negro do erotismo, disputando luminosamente a homossexualidade a uma maldição que até aí a aprisionava à grilheta da sátira ou da musa obscena.

Em Novembro de 1942, foi demitido da função pública, era escriturário de primeira classe do Arquivo Geral de Identificação, por não manter na repartição a devida compostura e aprumo, dirigindo galanteios e frases de sentido equívoco a um seu colega, denunciando tendências condenadas pela moral social, por fazer versos e recitá-los durante as horas regulamentares do funcionamento da repartição, prejudicando assim não só o rendimento dos serviços mas a sua própria disciplina interna.


Cinco anos depois, foi para o Brasil, levo comigo os meus versos, a minha alma e a minha angústia, mas a sua vida não deixou de ser atribulada.

Nos últimos anos, vivia da caridade alheia, vinte cruzeiros por um poema.

Na noite de 4 de Março de 1959, ao atravessar uma rua no Rio de Janeiro, foi atropelado, vindo a morrer no dia 16.

Tinha 61 anos.

Em 29 de Outubro de 1965 os seus restos mortais foram trasladados para Lisboa, por via aérea, mas só em 11 de Novembro de 1966 foram depositados num gavetão no Cemitério do Alto de São João.

 Na cerimónia fúnebre estiveram presentes, entre outras personalidades do meio intelectual, José Régio, Ferreira de Castro, David Mourão-Ferreira, Luís Amaro, Natália Correia. Assis Esperança, Dórdio Guimarães.

António Botto é, hoje, um poeta esquecido.

Não é o único.


Legenda: retrato de António Botto da autoria de Almada Negreiros.

                 Notícia do Diário de Lisboa de 10 de Novembro de 1966.               

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