sexta-feira, 27 de março de 2015

OLHAR AS CAPAS


Do General ao Cabo Mais Ocidental

Álvaro Guerra
Capa e ilustrações: Cruzeiro Seixas
Edições Afrodite, Lisboa, Março de 1976

o poder é só um
o de quem pode e mais nenhum
a verdade rafeira e envergonhada esconse-se num verso atraiçoado abanando o rabo e ladrando à lua a vida de cão que lhe trouxe a camuflada revolução
o absoluto gesticula na continência mudada em punho erguido por obra e graça da fulminante leninina matéria de formação acelerada de coronéis e ainda mais de capitães-generais em mea culpa de massacres coloniais.
Saiba
porém
o inimigo que também viver é comigo
de cravo na mão o digo
nesta luta sem luto que o projecto esgrime com a herança
a mor das coisas idas
ledas
desejo libertação
amor também cama comum
e pão
em verde lida pela liberdade e vida

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