domingo, 3 de abril de 2016

OLHAR AS CAPAS


No Reino da Dinamarca

Alexandre O’Neill
Colecção Poesia e Verdade
Guimarães Editores, Lisboa, Outubro de 1967

Sigamos o cherne, minha Amiga!
Desçamos ao fundo do desejo
Atrás de muito mais que a fantasia
E aceitemos, até, do cherne um beijo,
Senão já com amor, com alegria...
Em cada um de nós circula o cherne,
Quase sempre mentido e olvidado.
Em água silenciosa de passado
Circula o cherne: traído
Peixe recalcado...

Sigamos, pois, o cherne, antes que venha,
Já morto, boiar ao lume de água,
Nos olhos rasos de água,
Quando, mentido o cherne a vida inteira,

Não somos mais que solidão e mágoa...

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